Moradores do Loteamento Nossa Senhora do Carmo estão literalmente no “brejo”, abandonados pela prefeitura

By Victor Rafael jun6,2023

Abandono e precariedade: Moradores enfrentam desafios e descaso em loteamento de Barra dos Coqueiros.


Pântano formado no fundo das casas trás problemas sérios a saúde da população.


Nossa redação recebeu um chamado urgente dos habitantes do Loteamento Nossa Senhora do Carmo, situado às margens da rodovia SE-100 em direção a Pirambu. Deslocando-se prontamente até o local, nossa equipe empenhou-se em investigar as denúncias, sendo calorosamente recebida por Wesley Cristian, analista de sistemas e um dos primeiros residentes do loteamento, que há mais de 8 anos fixou residência nessa comunidade. Na companhia de sua família, esposa e filhos pequenos, Wesley atualmente habita uma das primeiras residências construídas nesse bairro. Originalmente, o loteamento foi erguido e comercializado por uma pequena construtora, que o dotou de infraestrutura básica, incluindo vias de circulação revestidas com cascalho compactado, um sistema de drenagem pluvial e uma estação de tratamento de esgoto de pequeno porte.

Wesley relata que os problemas estruturais nesse loteamento não são recentes; no entanto, as obras de pavimentação realizadas posteriormente agravaram consideravelmente a capacidade de drenagem da região, tornando os sistemas existentes, que já não eram adequados, completamente inoperantes. Após o início das obras em novembro de 2019, concluídas em meados de março de 2020, o nível das vias de circulação elevou-se, afetando drasticamente o escoamento adequado das águas pluviais no loteamento. Como resultado, uma área pantanosa se formou nos terrenos adjacentes às residências, cuja secagem, após o período chuvoso, pode levar mais de 4 meses.

O forte odor e a convivência com pragas fazem parte da realidade da comunidade.


Durante a gestão anterior do prefeito Airton Martins, algumas medidas foram implementadas pela prefeitura no intuito de solucionar os problemas, incluindo a substituição das tubulações de drenagem por dutos de maior diâmetro. No entanto, tais medidas não surtiram o efeito desejado. Em virtude do contexto eleitoral em 2020, a conclusão das obras de reparo não foi possível dentro dos prazos estabelecidos, conforme esclarecem especialistas que integravam a equipe técnica da secretaria de obras na administração anterior.

As portas e calçadas são invadidas pelas águas comprometendo a entrada e saída das pessoas.


Desde a troca de gestão em 2021, os problemas enfrentados pelos residentes agravaram-se abruptamente, sendo a comunidade completamente abandonada pela prefeitura. Os moradores relatam ter buscado assistência do órgão público, já na gestão do prefeito Alberto Macedo, no intuito de obter medidas paliativas para minimizar os impactos do período chuvoso, entretanto, suas solicitações não receberam qualquer resposta ou suporte por parte da prefeitura. Denúncias e pedidos de intervenção foram considerados encerrados sem que sequer uma visita dos representantes municipais à comunidade fosse realizada.

Diante desse completo abandono, com os sistemas de drenagem e esgoto obstruídos e inoperantes, bem como a estação de tratamento de esgoto em estado de deterioração, os moradores não tiveram alternativa senão assumir a responsabilidade por conta própria e tentar amenizar os problemas. Ao longo dos anos, a manutenção da estação de tratamento de esgoto tem sido financiada pelos próprios moradores, que se unem para adquirir peças e realizar reformas constantes. Além disso, relatam ter contratado empresas terceirizadas para desobstruir as tubulações, mas essas empresas não retornam devido a sanções aplicadas pela prefeitura, as quais alegam falta de licenciamento para a execução do serviço.

Esgoto e dejetos é comum nas calçadas.


A comunidade enfrenta, ainda, diversos desafios relacionados à saúde e à restrição de liberdade. O esgoto a céu aberto com a presença de excrementos que boiam nas calçadas e ratos é uma situação recorrente. Na residência de Wesley, seus filhos foram internados mais de 27 vezes em um único ano, devido a doenças originadas pela precariedade do saneamento básico, acarretando frequentes faltas escolares. Um de seus filhos acumulou mais de 70 faltas em apenas um ano, conforme registros escolares e inúmeras denúncias protocoladas no Ministério Público, as quais ainda estão em processo de análise.


Com a chegada do período chuvoso, o temor e o desespero se instalam entre os moradores da região, cujo estado psicológico é constantemente afetado pela falta de soluções e pelo abandono. O desenvolvimento de ansiedade e transtornos emocionais torna-se uma realidade, prejudicando a rotina dos residentes em suas atividades diárias, incluindo tarefas domésticas e até mesmo o desempenho profissional. O desânimo em sair de casa ou retornar a ela é uma constante, reforçando a sensação de impotência e frustração.

O cheiro forte do esgoto é a realidade da população que perde o gosto de suas casas.


Durante os períodos de chuva, a única forma de deixar as residências é utilizando veículos automotores, pois a água de esgoto invade as calçadas e adentra as casas.

Além disso, os moradores enfrentam prejuízos estruturais significativos. Com a presença constante do pântano próximo aos muros das residências, as estruturas das casas são afetadas constantemente, sofrendo rachaduras e danos estruturais. Com frequência, é necessário refazer paredes e reparar pisos que apresentam fissuras.

Os habitantes também enfrentam dificuldades para se mudar do local, uma vez que o valor dos imóveis sofre uma desvalorização contínua devido aos inúmeros problemas estruturais existentes na região.


O “pântano” invade as ruas através dos terrenos baldios. 


Até o momento desta publicação, procuramos contatar a prefeitura por meio dos canais oficiais, porém não obtivemos resposta. Nossa redação está disponível para receber um posicionamento da administração municipal em relação a essa comunidade.

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