Por que Netanyahu está determinado a não parar até destruir o Hamas?

O terrível, brutal e covarde ataque terrorista realizado pelos palestinos do Hamas em Israel no dia 7 de outubro foi o maior ataque estrangeiro realizado contra Israel nos últimos 50 anos. Uma operação terrorista que, de acordo com membros de topo do Hamas entrevistados por televisões árabes, levou mais de um ano para ser planejada e envolveu quase 2000 operativos terroristas no terreno. Para um país como Israel, internacionalmente conhecido por ter um dos melhores serviços de inteligência do mundo, ter sido apanhado de surpresa por um ataque tão grande e que envolveu tantas pessoas no seu planejamento e execução é algo muito difícil de compreender, principalmente pelos civis israelenses direta e indiretamente afetados pelo ataque.

Há muitas teorias que tentam explicar isso circulando por aí, com alguns defendendo que o governo israelense sabia do ataque, mas que deixou passar para terem uma desculpa suficientemente forte para atacar o Hamas com força total. Mas essas teorias não têm qualquer fundamento objetivo, e tudo leva mesmo a crer que o Mossad, o serviço israelense de inteligência, simplesmente falhou na sua missão e não foi capaz de detectar nada suspeito com a devida antecedência. Yonen Bar, o chefe do Shin Bet, a agência de inteligência interna de Israel, reconheceu oficialmente e formalmente que a inteligência israelense falhou na sua tarefa, não conseguindo obter dados suficientes para alertar o governo para a iminência daquele terrível ataque.

Apesar da responsabilidade imediata ser do setor da Inteligência israelense, o responsável máximo é e sempre será o primeiro-ministro, representado neste momento por Benjamin Netanyahu. Quando algo não funciona em um país, o presidente ou, no caso de Israel, o primeiro-ministro, deve ser responsabilizado, e Netanyahu sabe muito bem disso. Com a história israelense mostrando o que acontece com um primeiro-ministro apanhado desprevenido por um ataque estrangeiro, Netanyahu sabe que agora, ao ter sido apanhado de surpresa pelo maior ataque estrangeiro contra Israel desde a guerra do Yom Kippur, muito provavelmente sofrerá o mesmo destino de Golda Meir e mais cedo ou mais tarde será responsabilizado pelo ataque, derrotado no campo político e definitivamente expulso do governo.

Muitos analistas políticos em Israel encaram Netanyahu como uma espécie de “primeiro-ministro zumbi”, ou seja, está vivo e articulando um governo de defesa nacional para enfrentar a ameaça representada pelos terroristas do Hamas, mas ao mesmo tempo está morto no campo político, com a sociedade israelense aguardando apenas pelo fim dessa crise para efetivamente enterrá-lo, tal como aconteceu com Golda Meir, 8 meses após o fim da guerra do Yom Kippur.

No entanto, Netanyahu tem nesse momento apenas uma opção: atacar o Hamas com força total e destruir ou pelo menos enfraquecer profundamente aquele grupo terrorista. Se tiver sucesso nessa tarefa, pode eventualmente, dependendo das coligações que costurar, ainda sair mais ou menos vivo a nível político. Mas, para muitos analistas, o máximo que Netanyahu pode almejar neste momento é sair disso tudo como o homem que foi apanhado de surpresa pelo Hamas, mas que conseguiu contra-atacar e destruir o grupo terrorista.

Nesse contexto, Netanyahu sabe que já não tem nada a perder e por isso sabe que pode tomar as decisões que quiser, mesmo aquelas mais duras e difíceis, como, por exemplo, a invasão terrestre da Faixa de Gaza, uma ação ainda não confirmada pelo governo israelense, mas com muitos comandantes e o próprio primeiro-ministro sinalizando que será mesmo realizada. Netanyahu, como primeiro-ministro “zumbi”, sabendo que após o fim dessa crise será enterrado, tem finalmente a liberdade que outros primeiros-ministros não tiveram para agir com a máxima força contra os terroristas do Hamas. Uma oportunidade que ele com certeza não deixará passar para salvar, ao menos em parte, a sua biografia como primeiro-ministro de Israel.

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